quarta-feira, 28 de março de 2012

resolução atrasada de ano nao tao novo assim

Como todos que ja toparam cmg por aí depois que voltei da Europa devem saber eu voltei meio despirocada. Não sei se foi o lugar ou as pessoas que conheci, sei que toda essa experiencia me mudou totalmente. Minha vida poderia se dividir facilmente entre antes e depois de Toulouse, sem onda.

Foi numa noite de balada francesa, andando pelas ruas do capitole da cidade que eu senti o velho impulso de dar umas piruetas. Eu me lembro bem que era mais de meia-noite, estavamos eu e varios amigos. Eu disse que queria dançar e dancei. Parecia uma louca, mas dancei.

Entao o que caralhos eu estava esperando pra voltar pra cima do palco? Alguem me perguntou. O que vc quer ser, de verdade, Gabi? Aquela pergunta se repetiu, foi feita por varias pessoas com varios sotaques diferentes e a primeira coisa que me vinha cabeça era sempre isso: dançar. Eu queria dançar.

Acho que fui apenas empurrando com a barriga, ao final de dois anos sem treinar, so estudando pro vestibular nao achava que fosse possivel pra mim voltar a pisar numa sala de dança, tentar reaprender toda a técnica perdida, recuperar a flexibilidade, a força, o equilíbrio. Dancei por seis anos e por seis anos fui uma pessoa realizada. A vida tem suas dificuldades, mas o palco de ajuda a esquecer, o treino te ajuda a esquecer. E quando a música está alta o suficiente, a respiração ofegante e as bochechas coradas de suor eu te garanto: nada mais no mundo importa.


Eu nao sei pq esperei tanto tempo pra fazer isso, mas semana passada me deu um estalo do nada e eis que eu, em plena aula de desenho auxiliado ligo pra primeira academia de dança que me veio a cabeça e pergunto os horarios das aulas.

Segunda despiroquei geral fui la, fiz a matricula e nem quis saber de aula experimental. Eu cheguei em um ponto que qualquer coisa tava valendo. Fazer dança contemporânea é um risco grande pq é um campo extenso, ninguem sabe exatamente conceituar a modalidade e a maioria das pessoas pensa que é apenas uma dança louca com pessoas gritando palavras aleatorias e outras quebrando pilhas de pratos (acreditem, colegas bailarinas eu tive que escutar ESSE tipo de conceito deturpado).

Felizmente tudo deu certo. Eu agora quase me bato por nao ter feito isso antes, o que tinha de errado comigo? Estava tudo lá. Exatamente do jeito que eu lembrava. As series de alongamentos, os espelhos gigantescos, as coreografias cheias de saltos, movimentos no chao, aberturas... Meu mundo. Meu mundo nao havia mudado nem me deixado, EU que havia deixado ele. E por três anos eu tentei fingir que estava tudo bem e que eu poderia ser uma arquiteta apenas. Eu nao precisava disso.

Mais errada impossível. Voltei pra dançar, voltei pra ficar. Daqui não saio, daqui ninguem me tira.

E tenho dito.